Simone Gomes Marques Takatu
Damásio e Ferreira (2010) argumentam
sobre a possibilidade de proporcionar instrumentos e estratégias
para que as pessoas com surdez possam ser estimuladas, através da
educação inclusiva que valoriza os processos perceptivos,
linguísticos e cognitivos, tornando-os seres humanos capazes,
produtivos e constituídos de várias linguagens, com potencialidade
para adquirir e desenvolver não somente os processos
visuais-gestuais, mas também ler e escrever as línguas em seus
entornos.
Segundo estes autores devemos ir além da
discussão que já fazem há tempos os defensores da visão
gestualista e os que defendem o oralismo. O que se deve é dar
destaque a educação e a inclusão propriamente dita das pessoas com
surdez.
Como afirmam DAMÁZIO e FERREIRA (2010):
“...é
necessário discutir que, mais do que uma língua,
as pessoas com surdez precisam de ambientes educacionais
estimuladores, que desafiem o pensamento e exercitem a capacidade
perceptivo-cognitiva.” (Damázio e Ferreira, 2010)
em
outro trecho os mesmos autores continuam:
“O
ambiente em que a pessoa com surdez está inserida, em especial, o da
escola comum, uma vez que não lhe oferece condições para que se
estabeleçam mediações simbólicas com o meio físico e social, não
exercita ou provoca a capacidade representativa dessas pessoas,
conseqüentemente, compromete o desenvolvimento do pensamento, da
linguagem e da produção de sentidos.”
(Damázio e Ferreira, 2010)
Dessa forma pode-se inferir que o fracasso
no processo educativo das pessoas com surdez é um problema que se
origina pela falta de qualidade das práticas pedagógicas, sendo
estas pouco eficientes e mesmo excludentes, que negligenciam a
capacidade e potencialidade dessas pessoas. Deve-se estimular e
desenvolver os processos perceptivos, linguísticos e cognitivos.
Para colaborar no processo de inclusão
surge o AEE com o intuito de oferecer novas e reais possibilidades
para as pessoas com surdez. O AEE deve desenvolver um trabalho
pedagógico em três momentos: momento para o acompanhamento em
Libras; momento para o ensino de Libras e o momento para o ensino da
Língua Portuguesa. Essa preocupação em oferecer novas e reais
possibilidades para as pessoas com surdez se valida pela constatação
da necessidade de se construir um campo de comunicação e interação,
possibilitando, assim, que esta possa se desenvolver plenamente.
A preocupação com a língua é bastante
pertinente pela necessidade de se estabelecer a comunicação, mas
deve-se cuidar para que esta não se torne o centro de tudo,
negligenciando a concepção humana que entende o ser como sendo
inconcluso, transformacional e dialógico, sendo constituído a
partir de múltiplas determinações e relações sociais
estabelecidas durante seu desenvolvimento, sendo também capaz de
idealizar e de ser criativo.
Diante do exposto fica evidenciada a
necessidade de repensar e rever as práticas pedagógicas que estão
sendo realizadas nas escolas, pois estas vem demonstrando sua
ineficiência, não conseguindo cumprir com o seu papel no processo
de desenvolvimento de grande parte de seus educandos.
Bibliografia
Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar.Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez -
Atendimento Educacional Especializado em Construção, p. 46-57.
DAMÁZIO,
M. F. M.; ALVES, C. B. Atendimento Educacional Especializado do
aluno com surdez. Capítulo 2. São Paulo: Moderna, 2010.
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